(Imagem: Ruínas do portão da antiga cidade de Tel Laquis)
Prelúdio
As medidas tomadas por Ezequias, na previsão de uma eventual invasão assíria, foram um sucesso. Jerusalém não caiu nas mãos dos Assírios. No entanto, nas suas narrativas de guerra, Senaqueribe indica, em tom de triunfo, que Jerusalém teve de pagar pesados tributos. Laquis, a segunda cidade de Judá, foi completamente destruída. Isso é evidente no relato escrito pelo próprio Senaqueribe e nas escavações feitas em Laquis. Senaqueribe chegou mesmo a mandar gravar a recordação da derrota da cidade numa placa comemorativa.
Nessa placa vêem-se os defensores colocados sobre as muralhas, enquanto o invencível exército assírio está prestes de alcançar a vitória. Numerosos refugiados deixam a cidade que está a arder. Temos a sensação de que o rei da Assíria se sentia orgulhoso do seu feito. A maior parte das outras cidades de Judá parece terem sido parcial ou totalmente destruídas nessa mesma época.
Jerusalém aguentou-se. Na verdade, o reino de Judá tinha ficado reduzido praticamente a uma cidade-estado. Mas no reinado de Josias, na segunda metade do 7º século a.C., o poder assírio enfraqueceu e Judá voltou a ser uma grande nação florescente. Os relatórios das expedições arqueológicas
mencionam a reconstrução das fortificações nas fronteiras e a presença de celeiros destinados a proteger e a conservar os produtos comerciais. Foi um período de paz e de prosperidade, justificando os elogios feitos ao rei Josias que podemos ler na Bíblia.
Pela primeira vez, Judá parecia exercer o seu poder sobre uma parte das regiões marítimas habitadas pelos Filisteus. Perto de Mesad Hashavyahou, foi encontrado um importante pedaço de uma placa de barro. Um trabalhador
queixa-se do seu patrão, que parece ter transgredido uma das leis mosaicas sobre o empréstimo de bens. A nota era provavelmente dirigida ao juiz
local e fazia parte das provas de acusação. O facto de que um trabalhador pudesse levantar um processo jurídico contra o seu patrão, no quadro de um artigo da lei mosaica, mostra a forma séria como a reforma de Josias tinha sido
aplicada em todo o país. Noutras épocas, a corrupção era tal que o patrão teria facilmente podido parar todo o processo com uma pequena quantia em dinheiro. Mais ainda, um trabalhador nunca teria ousado apresentar queixa junto de um juiz.
Parece que Josias também conquistou para Judá a maior parte das regiões a norte e reunido temporariamente as duas partes do reino. Assim se compreende a razão pela qual a Bíblia compara Josias ao rei David. Josias morreu numa batalha contra os egípcios, em Megido.