(Imagem: Papiro Egípcio)
Os Hicsos
Textos do final do Império Médio fazem menção de um importante afluxo de semitas. Esta imigração foi de tal ordem que se tornou necessário construir fortificações entre o Golfo de Suez e o Mediterrâneo, a fim de controlar a situação. Os semitas já presentes no Egipto tinham provavelmente exercido uma influência negativa tão grande na economia do Egipto que se seguiu um novo período de decadência.
Os semitas, provavelmente cananeus do Delta, tiraram proveito da confusão para se apoderarem do poder no Delta e numa parte do Alto Egipto. Eles receberam o nome de Hicsos e foram profundamente odiados pelos egípcios. Estes Hicsos conseguiram manter o poder durante 150 anos.
O relato do sucesso de José no Egipto enquadra-se bem com esta época em que os Hicsos estavam no poder. Nesta altura, numerosas caravanas faziam transportes entre a Palestina e o Egipto, como os Midianitas mencionados no relato bíblico. Neste clima, um semita como José podia mais facilmente adquirir um importante poder político, visto que os Hicsos eram bastante favoráveis aos semitas, “estrangeiros” como eles. É impensável que um rei que não fosse Hicso tivesse dado tantas terras à região de Gosen. Os Egípcios eram camponeses que desprezavam tanto os pastores como os patriarcas.
O relato bíblico referente a José menciona vários objetos e costumes que encontramos nos textos egípcios. Assim, os objetos utilizados na coroação de José, Génesis 41:42 são os símbolos da função de primeiro-ministro. Isso corresponde ao que a Bíblia nos relata: José estava em segundo lugar depois do soberano. Como primeiro-ministro, ele tinha a responsabilidade da vida quotidiana no Egipto, enquanto que o faraó determinava as grandes diretrizes. É essa responsabilidade de José que a Bíblia nos descreve. A história bíblica de José corresponde com precisão ao tipo de governo que existia no Egipto nesse período.
No século dezasseis antes de Cristo, Tebas tornou-se cada vez mais poderosa. Conseguiu por fim expulsar os Hicsos, que foram perseguidos e vencidos a Sul da Palestina, na batalha de Saruchen, no deserto de Negueve. Os tebanos tomaram o poder no Egipto, e, por terem aversão a todos os semitas, alteraram drasticamente o estatuto dos Israelitas que ficaram no Egipto: estes tornaram-se escravos. O “faraó que não conheceu José” fez provavelmente parte desta nova dinastia.