Lição 6 - A Época dos Juízes

O seu progresso nesta Lição:

(Imagem: Tel Megido)

As tribos instalam-se

A segunda fase da conquista da Terra Prometida, começou depois da atribuição, feita por Josué, de um território a cada tribo, a qual constituiu a verdadeira tomada de posse do país. Esta fase durou cerca de 350 anos e corresponde ao período dos Juízes. Cada tribo tentou expulsar progressivamente os autóctones e apoderar-se das suas cidades. As proezas de Sansão ilustram as tentativas da tribo de Dã, mas esta sofreu uma derrota Juízes 14:16; ver também Juízes 18:1-31, que conta que as tribos abandonaram o território que lhes tinha sido atribuído para migrarem para outra região).

A presença das colónias israelitas mais antigas foi encontrada nas regiões acidentadas, onde não existiam cidades cananeias. Estas últimas situavam-se, sobretudo, na planície.

(Imagem: Casa israelita com 4 divisões)

Da vida nómada para a vida sedentária

A Bíblia descreve os patriarcas como sendo pastores que seguiam os seus rebanhos por todo o país de Canaã. Chegados ao Egipto, ao país de Gosen, os israelitas conservaram esse estilo de vida. Mesmo durante o período da escravatura, as mulheres e as crianças continuaram a ocupar-se do gado. Na altura do Êxodo, os escravos fugitivos levaram os seus rebanhos. Durante o seu deambular pelo deserto, que durou 40 anos, viveram como pastores nómadas, procurando continuamente novas pastagens para o seu gado.

Segundo a Bíblia, os israelitas eram pastores que não dominavam a agricultura e que não estavam habituados a viver em cidades. Mas a promessa de Deus deu-lhes a certeza de que iriam ocupar um dia as terras férteis de Canaã para aí cultivarem as suas próprias vinhas e os seus próprios pomares. Portanto, só podemos esperar encontrar vestígios de agricultura muito tempo depois do Êxodo. Eles precisaram, de facto, de um certo tempo para se familiarizarem com a agricultura e cultivarem a terra de modo lucrativo.

Também não devemos esquecer que os israelitas tiveram que se instalar em regiões arborizadas ainda não desbravadas. A Bíblia assinala a presença de muitos animais ferozes Deuteronómio 7:22. Tudo isso implica que os israelitas tiveram que trabalhar a terra ao mesmo tempo que construíam muros de proteção contras as feras. Por isso, não é de estranhar que a instalação definitiva tenha sido um processo bastante lento. Embora a Bíblia não o afirme de modo explícito, pinta-nos o quadro de um grupo de pastores que evoluíram lentamente para um estilo de vida mais agrário.

A questão importante é sabermos se as descobertas arqueológicas confirmam esta imagem. Os dados mais recentes vão, com efeito, nesse sentido. Segundo a cronologia bíblica, a conquista de Canaã começou por volta de 1400 a.C.. Os primeiros vestígios do estabelecimento dos israelitas neste país datam de um pouco antes de 1200 a.C.. Isso quer dizer que o processo de transição de uma vida nómada para uma vida sedentária se alargou a um período de cerca de dois séculos.

O relato bíblico vê-se confirmado pelas descobertas feitas no terreno. Estas dizem respeito, geralmente, a pequenos aglomerados (três ou quatro casas) com campos rodeados de muros, uma paisagem que corresponde ao que lemos na Bíblia. Em vários lugares foram encontrados utensílios agrícolas que datam desta época, assim como silos para provisões, onde os produtos da colheita eram conservados.

Já foram descobertas várias destas colónias nas colinas perto de Jerusalém, outras se seguirão, provavelmente. A Norte de Jerusalém, os membros da tribo de Benjamin transformaram algumas casas numa aldeia com excesso de população. Ao estudar os objetos de cerâmica e outros encontrados no local, os pesquisadores chegaram à conclusão de que os habitantes viviam na pobreza e que, em vários aspetos, eram menos avançados do que os autóctones da época. Por não terem uma longa história de sedentarismo, os israelitas não beneficiavam nem da prosperidade nem das tradições artísticas e culturais que caracterizam, geralmente, uma civilização desse tipo.

Em Ai, os arqueólogos puseram a descoberto um tipo de arquitetura muitas vezes considerado como sendo específico dos israelitas. Ainda que fosse conhecido de outros povos, este tipo de construção encontra-se, sobretudo, nas colónias israelitas. Cada casa era composta por quatro divisões retangulares, três contíguas e uma quarta que acompanhava as outras em comprimento. A segunda divisão era, provavelmente, um pátio interior onde se desenrolavam as atividades diárias. Pelo menos uma das outras duas divisões estava separada desse pátio por uma fila de colunas ou pilares. Talvez se tratasse de um abrigo destinado aos animais domésticos. Os ricos construíam um segundo andar que cobria uma parte da casa. Certas famílias que não dispunham de meios suficientes tinham de se contentar com uma versão mais modesta de três divisões. Este tipo de casa é facilmente identificado pelos arqueólogos graças aos pilares. São típicas das primeiras colónias israelitas.

Assinale as declarações verdadeiras.

Selecione a resposta correta.

As divisões das casas israelitas tinham que formato inovador?

Selecione a resposta correta.

(Imagem: Cisterna de água em Qumran, Israel)

A água… um problema a resolver

Um segundo lugar, Radanna, situado a Leste de Ai, é muito parecido com esta cidade. Numa das casas, tinha sido cavado um buraco na rocha para conservar a água recolhida durante os meses chuvosos de Inverno. Essa água era extremamente útil durante a estação seca. No passado, as casas tinham sido sempre construídas perto das fontes de águas, de ribeiros ou de rios. Mas, na Palestina, as rochas são bastante porosas e não conservam a água durante muito tempo. A descoberta destes reservatórios típicos das casas israelitas sugere que estes tinham aprendido a dominar uma nova técnica.

Nos tempos antigos, já se conhecia o reboco, mas só nas casas dos primeiros colonos israelitas no país de Canaã é que se encontrou o reboco utilizado para impermeabilizar estes reservatórios. Não sabemos ao certo se foram os israelitas que inventaram este processo, mas, em todo o caso, parecem ter sido eles os primeiros a utilizá-lo quando se instalaram nas colinas da Palestina. A partir de então, tornou-se possível construir casas praticamente em todas as colinas. Graças a esses reservatórios forrados de reboco, o abastecimento de água deixou de ser um problema, o que permitiu aos israelitas estabelecerem-se nos lugares onde os cananeus não tinham ousado instalar-se. É verdade que a água devia ter um sabor horrível depois de uma longa conservação. No entanto, este processo ainda hoje é usado em certas aldeias. A sede faz esquecer o sabor…

Também foram encontradas casas de quatro divisões com reservatório de água em Izbet Sartah, a noroeste de Jerusalém, na parte ocidental das colinas. Mas, neste lugar, foi descoberto um outro elemento de grande importância: um ostracon (pedaço de cerâmica com uma inscrição) com o texto hebraico mais longo encontrado até esse momento. Infelizmente, não se trata de uma mensagem clara, mas, provavelmente, de tentativas desajeitadas de um aluno que queria escrever o alfabeto. No entanto, essa inscrição tem a sua importância: mostra-nos que, apesar da sua pobreza relativa e da sua pouca cultura, os israelitas aprendiam a ler e a escrever. Isso confirma o relato de Juízes 8:14, onde se pode ler que um menino israelita escreve informações dirigidas a Gideão.

O quarto lugar está localizado a sudoeste de Jerusalém, em Gilo. Ainda se podem ver ali os muros que rodeavam os campos. Em cada campo tinha sido construída uma casa. Cada família possuía, portanto, um campo próximo da casa, o que facilitava bastante a proteção do gado e o trabalho agrícola. O inconveniente era que essas ‘quintinhas’ eram muito vulneráveis em face dos inimigos. Pouco tempo depois da chegada dos israelitas àquela região, os filisteus vieram atacá-los nas colinas. Isso provocou mudanças na concepção dos aglomerados habitacionais, como veremos mais à frente.

Assinale as aformações verdadeiras.

Selecione a resposta correta.

Foi descoberto em Izbet Sartah, numa casa, um ostracon. O que continha de tão importante?

Selecione a resposta correta.

(Imagem: Pequena cidade em Cafarnaum)

As primeiras aldeias

Uma das primeiras aldeias israelitas estava situada no Neguev, perto de Berseba. Escavações muito recentes permitiram descobrir aí uma espécie de cidade israelita. Nesse local, em Tel Masos mais exatamente, foi encontrado um grande número de casas de quatro divisões tipicamente israelitas (com variantes), que formavam um aglomerado cujas dimensões são as de uma cidade da Antiguidade. Pormenor notável: esta ‘cidade’ não era protegida por uma muralha. Nesta região, foram encontradas muito poucas casas desta época, de outros estilos. Só uma ou duas casas parecem ter sido construídas no estilo egípcio desse período e pelo menos um dos outros edifícios parece ter tido uma função pública.

Um estudo intensivo deste local demonstrou que a repartição das divisões nas casas israelitas mais antigas era muito semelhante à das tendas dos beduínos em que os israelitas tinham vivido durante séculos. Tudo leva a crer que a casa típica de quatro divisões deriva dessas tendas. Estamos, portanto, perante uma confirmação arquitetural da imagem dada pela Bíblia, a saber, a evolução lenta e progressiva de uma sociedade nómada para uma sociedade sedentária e agrária.

A cerâmica e os objetos metálicos que os israelitas fabricaram localmente eram idênticos aos utilizados pelos cananeus desta região. O povo de Israel assimilou, portanto, muito rapidamente alguns elementos da cultura cananeia e copiou os utensílios. Os antropólogos afirmam que uma evolução cultural desse tipo abarca várias gerações, e pode demorar mesmo dois séculos. Tel Masos confirma não só a ideia bíblica de um processo progressivo de instalação, mas também a cronologia bíblica, que situa a primeira fase da conquista cerca de duzentos anos antes das primeiras colónias israelitas.

A repartição das divisões nas casas israelitas era semelhante a…..

Selecione a resposta correta.

De quem copiaram os israelitas as cerâmicas e os objetos metálicos?

Selecione a resposta correta.

(Imagem: Ilha de Creta)

Os filisteus

Segundo a Bíblia, os filisteus eram oriundos de Caftor, lugar identificado com a ilha de Creta. As descobertas arqueológicas vieram confirmar essa afirmação. Algumas encontradas em lugares onde habitavam os filisteus parecem-se muito com um tipo de escrita grega. Mas é a sua cerâmica que fornece o primeiro indício dessa origem.

Essa cerâmica está pintada da mesma maneira que a cerâmica da Creta minóica. A civilização minóica foi destruída pouco antes do aparecimento dos filisteus em Canaã. Por isso, não é impossível que os filisteus sejam sobreviventes desse célebre império minóico. Isso concorda, também, com as informações fornecidas pelo Egipto, a respeito dos filisteus. Entre estas, figura a descrição pormenorizada de um exército que, com a ajuda de barcos, desceu ao Egipto para invadir o país. Os egípcios falavam dos “povos do mar”.

Estes foram vencidos pelo exército egípcio e expulsos para o Sul da Palestina. Dois desses grupos, entre os quais os filisteus, instalaram-se nessa região.

Os filisteus fundaram cinco cidades principais no sudoeste da Palestina, considerado durante todo o período bíblico como o seu país de habitação: Gate, Ecrom, Asdode, Asquelom e Gaza. À exceção de algumas particularidades, parece que os filisteus adotaram a cultura e o estilo de vida dos cananeus. Em muitas casas, foram descobertas muitas vasilhas de cerveja feitas em barro, o que sugere que eles gostavam da bebida. Isso não é estranho para o estudante da Bíblia que leu o episódio de Sansão, o juiz que não rejeitava as festas.

Foram os filisteus que introduziram o saber-fazer no trabalho com os metais. Foi especialmente o ferro que fez a sua entrada com a chegada dos filisteus. Segundo 1 Samuel 13:19-22, os filisteus possuíam o monopólio da metalurgia. Nas regiões habitadas pelos filisteus, os objetos metálicos encontrados são muito mais numerosos do que nas primeiras colónias israelitas.

Dado que habitavam perto do Egipto, os filisteus mantinham laços estreitos

com os seus vizinhos, e os indícios fazem pensar que, de tempos a tempos, eles serviam no exército egípcio como mercenários. Essa ligação estreita influenciou a cultura palestiniana em certos domínios. A influência egípcia é evidente no modo de enterrar os mortos. Perto de Deir el-Balah, não longe de Gaza, foi descoberto um grande cemitério, onde tinham sido enterrados os soldados egípcios de uma guarnição estacionada nesse lugar pouco antes da chegada dos filisteus. Tinham sido sepultados em caixões de cerâmica. Na tampa, tinham sido esculpidos o seu rosto e os seus braços, obtendo, assim, uma versão rudimentar de um sarcófago semelhante ao de Tutankamon. Depois deles, os filisteus continuaram a enterrar os seus mortos da mesma maneira.

Por vezes, foi extremamente difícil distinguir os túmulos filisteus dos sepulcros egípcios. Tratava-se, provavelmente, de soldados filisteus que serviam no exército egípcio.

A Bíblia descreve os filisteus como um povo belicoso. Esta indicação é confirmada pela pressa que mostravam em alistar-se no exército egípcio logo que as guerras escasseavam no seu próprio país…

Segundo a arqueologia, os filisteus derivam de um império célebre que foi destruído. Qual?

Selecione a resposta correta.

Das cinco cidades principais dos filisteus, que nome ou nomes não devem constar da seguinte lista?

Selecione a resposta correta.

Os filisteus tinham o monopólio de quê?

Selecione a resposta correta.

(Imagem: Ruínas cananeias no Parque Nacional de Tel Arad, sul de Israel)

A expansão das cidades

A ameaça militar dos filisteus constituiu um perigo constante para as pequenas colónias agrárias israelitas situadas nas colinas. Um aglomerado protegido apenas por um muro de terra era uma presa fácil. Por isso, os seus habitantes acabaram por deixar essas colónias para construir cidades e aldeias maiores. Também foram construídas fortificações mais importantes, capazes de resistir aos ataques e infra-estruturas destinadas a alojar um contingente importante de homens válidos. Marjama, a Norte de Jerusalém, era uma cidade desse tipo. Também poderíamos citar Siquém, Gesur, Betel, Gabaon, etc., cidades mais ou menos grandes, habitadas continuamente desde o tempo dos reis de Israel até à sua destruição pelos babilónios.

Embora os camponeses tivessem frequentemente que percorrer longas distâncias para irem cultivar os seus campos – no tempo das colheitas, muitas vezes passavam lá a noite – essa urbanização teve um efeito positivo sobre o seguimento da conquista do país. Os pequenos campos trabalhados aqui e ali já não eram suficientes. A necessidade de terras agrícolas mais vastas estimulou a continuação da expulsão dos cananeus.

O que levou os israelitas a deixar as colónias para construir cidades fortificadas?

Selecione a resposta correta.

A necessidade de terras agrícolas mais vastas estimulou a expulsão dos…

Selecione a resposta correta.

(Imagem: Ruínas da cidade de Heliópolis, a cidade do deus Baal)

O culto de Baal

A vida urbana apresentava um inconveniente importante para os israelitas. À medida que a população das cidades aumentava, os habitantes começaram a assimilar elementos da cultura cananeia, incluindo elementos religiosos. Os israelitas não tinham uma cultura nem uma tradição citadinas. Nada mais normal, portanto, do que imitar os cananeus. A prosperidade relativa destes últimos ainda tornava mais atraente o seu modo de vida.

Graças à descoberta espetacular de centenas de placas de argila em Ugarit, na Síria, estamos agora em condições de descrever com exatidão a religião cananeia. O pai de todas as divindades era El. A raiz “El”, que encontramos em muitos nomes hebraicos, era um patronímico divino muito espalhado no Próximo Oriente. Por vezes, esse nome era confundido com o de outra divindade importante nalgumas regiões: “Baal” (= senhor).

Com a sua mulher, Ashera, El criou tudo, incluindo o panteão dos deuses. Alguns dos deuses mais célebres foram Dagon (venerado pelos filisteus), Anate (a deusa do amor e da guerra), Yam (o deus do mar) e Kothar-Wahasis (o deus dos artesãos). Mas Hadade, ou Baal, o deus das tempestades, era, realmente, o mais poderoso e o mais célebre.

Baal era representado com um raio na mão e era louvado pela vida que proporcionava sob a forma de chuva. Considerado como o deus mais útil ao homem, não é de estranhar que fosse adorado em toda a terra de Canaã. É muito conhecido o relato da luta cósmica que Baal venceu contra o seu irmão Yam, seu inimigo figadal. Se Yam tivesse vencido, a água e a chuva teriam desaparecido da face da Terra e a humanidade teria morrido. Baal também lutou contra o seu irmão Mot, o deus da morte. Desta vez, Baal foi vencido, mas, em consequência da intercessão de Anate, Mot foi morto e Baal ressuscitado. Todos os anos, a morte e a ressurreição de Baal eram repetidas simbolicamente. No Médio Oriente, a passagem da estação seca para a estação das chuvas era explicada como sendo a morte e a ressurreição do deus das tempestades. Cada tempestade era uma ocasião para festejar a vitória de Baal.

(Imagem: Templo a Baal, Palmira)

Uma divindade para uma comunidade agrícola

À medida que o tempo passava, os israelitas, que se interessavam cada vez mais pelo ciclo agrário, deram-se conta de que dependiam muito da chuva. Este interesse crescente pela agricultura e a sua tendência a instalarem-se nas cidades aumentaram a sua atração pelo culto de Baal. Qualquer pessoa que leia o livro de Juízes descobre o quanto os israelitas hesitaram entre Deus e Baal. O culto de Baal representava, realmente, uma enorme tentação para eles.

Várias vezes Deus aproveitou acontecimentos como epidemias, fomes ou guerras para tentar trazê-los de volta ao caminho certo. No tempo de Elias, a fome que durou três anos faz mais sentido, se soubermos que Baal era o deus da chuva 1 Reis 17:1-24, 1 Reis 18:1-46. Se Baal, o deus venerado pela maior parte dos israelitas da época, era o deus da chuva, então como é que ele podia permitir uma seca tão terrível? No momento em que o conflito atingiu o seu apogeu, no monte Carmelo, foi o Deus de Elias que deu a chuva e Baal foi desmascarado como um ídolo vulgar.

Os textos de Ugarit também esclarecem a história de Gideão, que recebeu ordem de Deus para destruir os Baals e as Asheras do seu pai. Os Baals eram, provavelmente, estátuas que se podiam encontrar nos campos, as Asheras eram símbolos esculpidos em madeira que representavam esta deusa. Ashera era a mãe de todos os deuses, deusa da fertilidade e patrona dos homens e dos animais. Quando se fizeram as escavações na Palestina, foram encontradas centenas de estatuetas de Ashera, datadas de todas as épocas. Isso mostra o lugar importante que esta deusa ocupava na vida das pessoas. Era sempre representada nua, e os seus atributos sexuais desmedidos acentuavam o seu poder de fertilidade.

A vida urbana apresentava um inconveniente importante para os israelitas. Porquê?

Selecione a resposta correta.

Que divindade não pertence ao culto filisteu?

Selecione a resposta correta.

(Imagem: Tel Hazor)

Entre a fidelidade e a idolatria

Em certas épocas, os israelitas serviram Baal e noutras permaneceram fiéis a Deus. A arqueologia encontrou vestígios desses períodos de fidelidade. Perto de Megido, junto ao monte Carmelo, a noroeste de Jerusalém, foram encontrados altares de incenso. Nos quatro cantos, os chifres tinham sido arrancados. Podemos imaginar facilmente como os israelitas, depois da sua vitória em Megido (o grande faraó Tutmósis II não tinha conseguido vencê-la) demoliram todos os objetos relacionados com o culto idólatra.

Isso é ainda mais evidente perto de Hazor, no extremo Norte do país. Jabim, rei de Hazor, dirigiu uma coligação de cidades cananeias que declararam guerra a Israel no tempo de Débora, a única mulher juiz em Israel. Sob a direção de Baraque, os israelitas combateram os cananeus perto de Megido. O texto bíblico indica que Deus enviou uma chuva abundante. Os carros de guerra cananeus atolaram-se e os israelitas obtiveram a vitória.

Pela mesma época, Hazor, a maior cidade da Palestina, foi destruída. A vasta cidade baixa nunca mais foi habitada, e quando Hazor foi reconstruída no tempo de Salomão, ocupava apenas a vigésima parte da sua superfície inicial.

Quando foram feitas as escavações em Hazor, foram descobertos templos e santuários. O maior e mais belo de todos eles era feito em pedras basálticas cuidadosamente talhadas. De todas as pedras utilizadas na Palestina, estas eram as mais difíceis de talhar. Mas o acabamento era extraordinário!

Todos os elementos encontrados neste lugar levaram à conclusão de que se tratava de um templo de Baal. No jardim situado no exterior do templo, os arqueólogos descobriram um poço cavado pelos vencedores, no qual tinha sido lançada uma grande estátua de um leão. Seria esta estátua chocante para os vencedores, que assim se livraram dela? Ter-se-á produzido aquele evento no quadro das reformas feitas após a batalha de Megido? É o que pensam muitos arqueólogos.

Na cidade de Laquis, a sudoeste de Jerusalém, um templo foi destruído da mesma maneira e na mesma época. Tratava-se de um templo extremamente vulnerável, já que tinha sido construído fora da cidade, como se já não houvesse espaço suficiente no interior das muralhas.

Poderíamos ainda fornecer outros exemplos, mas a imagem global é clara. Na segunda fase da conquista, quando os israelitas se instalaram definitivamente, numerosas cidades da Palestina foram destruídas. Não está excluída a possibilidade de algumas destruições terem outras causas, mas é mais do que provável que um bom número dentre elas deva ser atribuído aos israelitas que invadiram o país.

Que vestígios dos períodos de fidelidade dos israelitas para com Deus, foram encontrados?

Selecione a resposta correta.

Segundo o registo bíblico, que mulher dirigiu os israelitas contra Hazor, a maior cidade da Palestina?

Selecione a resposta correta.

Quais foram alguns dos lugares onde se descobriram templos filisteus destruídos?

Selecione a resposta correta.

Conclusão

Certos teólogos afirmavam que os livros de Josué e de Juízes eram contraditórios. O primeiro livro apresenta a conquista como uma sequência de ataques-relâmpago, enquanto que o segundo descreve o processo bastante lento da instalação dos israelitas dum ponto de vista comunitário e religioso. As descobertas arqueológicas permitem-nos, de facto, compreender que a conquista de Canaã se desenrolou em duas fases nitidamente distintas, o que explica a aparente contradição entre o livro de Josué e o de Juízes, e reforça, portanto, a credibilidade do texto bíblico.

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